18 de março de 2024
O cliente de uma padaria em Barueri, na Grande São Paulo, foi ameaçado pelo dono do estabelecimento por utilizar notebooks e outros aparelhos eletrônicos no local.
Em vídeo, o empresário Allan Barros, 32, registrou o momento em que o proprietário da padaria Empório Bethaville diz a ele que o aparelho não pode ser usado no estabelecimento, o que estaria comunicado em placas e avisos dentro do estabelecimento.
Durante a discussão, ele chega a mostrar um deles, que estava exposto na mesa, com a proibição.
O caso aconteceu em 31 de janeiro, por volta das 12h30. O vídeo viralizou nas redes sociais no sábado (3/2).
A discussão, gravada em trechos de vídeos, continuou, e o dono da padaria, entre xingamentos e ameaças, chegou a dar um tapa no celular de Allan. Em outro trecho do vídeo, ele gravou o momento em que foi perseguido pela rua pelo comerciante, que corria com uma barra de madeira nas mãos antes de cair e ser contido por outras pessoas.
Nas imagens, é possível ouvi-lo dizer, ao longe, “vou matar vocês”. Allan estava com um grupo de amigos na padaria, e todos deixaram o local.
Nas redes sociais, ele afirmou que registrou ocorrência na polícia em Barueri e disse que vai tomar outras providências sobre o caso. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, o caso foi registrado como ameaça.
A Folha procurou a padaria por email e telefone na manhã de domingo (4/2). Uma atendente afirmou que o responsável havia saído e que não havia ninguém para comentar o caso.
O caso viralizou nas redes sociais por causa do vídeo, mas também gerou um debate sobre a proibição do uso de determinados aparelhos, como notebooks ou tablets, em estabelecimentos comerciais.
“O dono da padaria pode, sim, agir dessa forma [proibindo o uso de equipamentos no local], desde que tenha um aviso ostensivo para que o cliente saiba. Esse dever de informar o consumidor é exigência legal”, diz o professor universitário e advogado Fabricio Posocco, especialista em direito do consumidor e empresarial do escritório Posocco & Advogados Associados.
Assim, segundo Posocco, se a padaria exibir placas e avisos nas mesas com uma mensagem explícita sobre a proibição, pode impedir o uso no local.
“O problema é que muitos consumidores passaram a se utilizar de locais em padarias e restaurantes como anexos de ‘escritório’, e isso traz problemas para a circulação de pessoas e utilização das mesas dos estabelecimentos, aos olhos de proprietários”, afirma o advogado. “Todavia, isso não autoriza o proprietário a querer agredir o consumidor. Bastaria, se a conversa não fosse capaz de resolver, chamar a polícia.”
Reportagem: Lucas Lacerda/Folha de S.Paulo